quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Advertências da palavra de Deus


As Advertências da Palavra de Deus

I
Orando e esperando na presença de Deus para saber a Sua mensagem para o nosso coração, senti-me levado pelo Espírito Santo no sentido de transmitir uma série de mensagens sobre AS ADVERTENCIAS DA PALAVRA DE DEUS, dirigidas àqueles que não aceitaram a Cristo, confiando nEle como o objeto da verdadeira fé salvífica.
As Escrituras contêm muitas advertências assim, de modo que considero oportuno soar a trombeta das Escrituras, avisando que quem ficou sem Cristo, perdeu tudo. Por quê? Porque nEle “todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento estão ocultos” (Cl. 2:3). Nele se acha tudo quanto Deus deseja de bom para o homem pecaminoso, pois Cristo é o Caminho, e a Verdade, e a Vida, e ninguém pode chegar ao Pai e ao céu a não ser por Ele (Jo 14:6).
Preste atenção! As Escrituras declaram que EM CRISTO há perdão para os pecadores mais vis. EM CRISTO há doce paz para a consciência, a paz com Deus, porque Cristo nos comprou essa paz pelo sangue da Sua Cruz. EM CRISTO há repouso para a alma cansada. EM CRISTO temos o caminho para o Pai celeste, e a porta aberta para o aprisco de Deus. EM CRISTO temos a fonte das águas vivas, riquezas espirituais de valor incontável, e um pleno suprimento de graça e de verdade para a alma fraca e esgotada.
Somente EM CRISTO há a purificação de todo o pecado. Somente EM CRISTO há a perfeita justificação e, portanto, a perfeita aceitação diante de Deus. Somente EM CRISTO se acha a verdadeira luz para iluminar o nosso caminho através desse ermo triste e escuro em que vivemos. Somente EM CRISTO seremos inocentados quando Deus julgar o mundo. Somente os que estão EM CRISTO ouvirão essas palavras graciosas: “Vinde, benditos de meu Pai! Entrai na posse do reino que meu está preparado desde a fundação do mundo” (Mt 25:34). Somente EM CRISTO há Livramento do poder e da penalidade do pecado. Somente EM CRISTO haverá gozo eterno na presença dEle quando, revestidos do nosso novo corpo, e eternamente separados da própria presença do pecado, passaremos a estar com Ele.
Veja bem, caro leitor: ficar sem Cristo é perder todas as riquezas de Deus e permanecer eternamente na Sua ira. Foi por isso que o apóstolo Paulo escreveu: “Sim, deveras considero tudo como perda, por causa da sublimidade do conhecimento de Jesus Cristo meu Senhor: por amor do qual, perdi todas as coisas e as considero como refugo, para ganhar a Cristo, e ser achado nele, não tendo justiça própria, que procede de lei, senão que é mediante a fé em Cristo, a justiça que procede de Deus, baseada na fé” (Fp. 3:8-9).
Pergunto ao leitor, portanto: VOCÊ CONHECE O SENHOR JESUS CRISTO? Você o conhece de um modo realmente salvífico? Ele é tudo para você? Ele é uma realidade viva no seu coração? Você anda com Ele naquela união vital, por ser Ele sua Vida, seu Cabeça, seu Esposo, seu Senhor? Você o conhece naquela união amorosa da comunhão e da adoração, na qual Ele vale mais do que o mundo inteiro para você? Você está disposto a abrir mão de tudo, a fim de ser achado somente nele?
Pergunto de novo: VOCÊ CONHECE A CRISTO? Quero sondar seu coração nesse assunto, porque é esta a diferença entre o céu e o inferno: saber se o pobre pecador, merecedor do inferno, entrou pela graça nessa salvação viva que existe somente em Cristo.
Preste atenção de novo! Você tem a Cristo, ou uma mera decisão da boca para fora? Você tem Cristo, ou apenas a esperança proveniente do batismo? Você tem Cristo, ou apenas a esperança decorrente de ser membro da igreja? Você tem Cristo, ou somente a esperança que provém das suas boas obras, orações, contribuições, e melhores esforços? Você tem Cristo? Você pode dizer: Estou crucificado com Cristo e Cristo vive em mim; e esse viver que agora tenho na carne, vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e a si mesmo se entregou por mim (Gl 2:19-20)?
Tendo em mente esses pensamentos, examinemos 1 Co 13:1-3, como primeiro texto bíblico que nos ensina que, não importa o que possuímos, se não temos CRISTO E O SEU AMOR, nada temos. Assim fala a Palavra de Deus: “Ainda que eu fale as línguas dos homens e dos anjos, se não tiver CRISTO E O SEU AMOR, serei como o bronze que soa ou como o metal que soa. Ainda que eu tenha o dom de profetizar e conheça todos os mistérios e toda a ciência; ainda que eu tenha tamanha fé ao ponto de transportar montes, se não tiver CRISTO E O SEU AMOR, nada serei. E ainda que eu distribua todos os meus bens entre os pobres, e ainda que queimado, se não tiver CRISTO E O SEU AMOR, nada disso me aproveitará.”
Vemos nesse texto que podemos possuir dons de todos os tipos; dons que edificam a nós mesmos e ao próximo, que são de beneficio para nós mesmos e ao próximo, que são de beneficio para nós e para os outros; mas, se não possuirmos o maior dom de todos, CRISTO E O SEU AMOR, todos os dons que se possa possuir ficarão sem valor. Vejam bem: estes crentes professos em Corinto atribuíam muito valor aos dons, e o estudo do capítulo 14 de 1 Coríntios nos deixa entender que fizeram muito abuso deles. Por isso, o Espírito Santo advertiu-os, através do apóstolo Paulo, que mesmo se falassem nas línguas dos homens ou dos anjos, sem terem CRISTO E O SEU AMOR, estavam vazios, ocos, sem a graça salvífica, e os sons que produziam não passavam de barulhos como de instrumentos metálicos inanimados.
QUE ADVERTÊNCIA! Vem do próprio Deus, e não de mim! Preste atenção! Trata-se de crentes professos que tinham mais esperança nos seus dons do que no Deus vivo em Cristo. Muitos erram nesse aspecto! A sua esperança se fundamenta num dom, e não Cristo, a esperança da glória. Confiam nalguma experiência, e não em Cristo, a âncora segura da alma. Caro leitor, você baseia sua esperança no fato de ter recebido um dom? Esse fato ocupa a totalidade da sua vida, da sua conversa, do seu testemunho? Então, seja advertido pela palavra de Deus. Você está enganado no tocante à sua esperança do céu se você não tiver CRISTO E O SEU AMOR. Preste atenção! Para cada crente, é Cristo, e não algum dom, que é precioso para a sua alma. é Cristo o assunto da sua conversa – aquilo que Ele tem feito pela sua alma imortal – e não o dom ou dons que porventura tenha recebido.
Esta advertência vem de Deus, e não de mim; nada mais faço do que proclamá-la, e ficar zangado comigo porque peço a sua atenção nesse assunto não altera os fatos. Pelo contrário, assim você meramente demonstra que você dá mais valor ao seu dom do que a Cristo, e que você não chegou a firmar-se nele como o alicerce de uma boa esperança mediante a graça.
No v. 2 de 1 Co 13 somos avisados que há aqueles que até mesmo possuem o dom da profecia; o dom da fé em entender todos os mistérios; o dom da fé especial ao ponto de remover montanhas, e todo o conhecimento das Escrituras, mas, se não possuem o dom maior de Deus; CRISTO E O SEU AMOR, não são nada, não possuem nada, e ficam por fora das coisas celestiais.
Que advertência! Só imaginar que um homem, uma mulher, ou um jovem pode possuir tudo isso e ainda ficar sem Cristo! Estremeço ao perceber que é possível chegar tão perto de Deus e ainda ficar fora do céu!
Caro leitor, você pergunta qual o significado de tudo isso, qual a natureza dessa advertência? Trata-se do seguinte: a pessoa pode ter a compreensão intelectual de toda a verdade, saber interpretar a Palavra dos Profetas, e entender os mistérios da Bíblia, e mesmo assim, ficar sem Cristo, porque ficou sem a convicção no Espírito Santo que era para colocar Jesus Cristo como a pedra Angular no seu coração e na sua vida, mediante a fé implantada por Deus.
Fico cada vez mais convicto, à medida que converso com as pessoas, frequento os estudos bíblicos e fico conhecendo diversos grupos, que aquilo que mais faz falta hoje em dia é a convicção do Espírito Santo.
Aquilo que não se acha frequentemente hoje em dia é o coração aberto pelo Espírito Santo de Deus, o coração que reconhece diante de Deus que está na praga do pecado e da culpa. Falta essa abertura do coração para reconhecer vazio da vida sem Cristo. Falta a convicção no Espírito Santo para levar o pecador a arrepender-se diante de Deus, e reconhecer a culpa pela sua condição pecaminosa, e confessá-la diante de Deus, e repudiá-la. Torna-se urgentemente necessário o poder do Espírito Santo para convencer e levar á verdadeira fé salvífica em Cristo, para nos revelar que não temos fé salvífica e que precisamos da obras do Espírito em nosso coração, pois a salvação vem do Senhor.
Já falei e repito: se você não tem a CONVICÇÃO do Espírito Santo, você não tem ARREPENDIMENTO, e se você não tem ARREPENDIMENTO, você fica sem fé, e se você não tem FÉ, você fica sem CRISTO, e se você não tem CRISTO, você fica sem o CÉU, e se você não tem o CÉU, você está no caminho do INFERNO, e isso por toda a eternidade, por causa da sua rebelião pecaminosa contra Deus (Rm 8:7-9).
Hoje em dia, embora muita importância seja dada aos dons do Espírito Santo para o crente, é raro ouvir alguém proclamar com clareza os dons Espírito Santo para o descrente. O leitor pergunta: onde já se viu dons do Espírito Santo para o descrente? Quais seriam? Responderei da seguinte forma:
Primeiro, há o dom do Espírito Santo que é PODER PARA ACORDAR. E assim, o Espírito Santo diz: “Desperta, ó tu que dormes, levanta-te de entre os mortos, e Cristo te iluminará” (Ef 5:14). Considero que esta é a melhor dádiva que Deus, o Espírito Santo, pode dar ao homem: despertá-lo do seu estado dormente, morto, e levá-lo a Cristo, a luz do mundo.
Segundo, o dom do PODER DA CONVICÇÃO, da parte do Espírito Santo. “Quando o Espírito Santo vier convencerá o mundo do pecado, da justiça e do juízo; do pecado, porque não crêem em mim” (Jo 16:8-9). Considero que essa é outra grande dádiva que o Espírito Santo nos dá, a de nos convencer do pecado da incredulidade, porque não aceitamos a Cristo de modo salvífico.
Terceiro: a dádiva do ARREPENDIMENTO mediante o Espírito Santo. “Deus, porém, com a sua destra, exaltou (Cristo) a Príncipe e Salvador, a fim de conceder a Israel o arrependimento e a remissão de pecados” (At. 5:31). E como recebemos essa dádiva? Por Deus (At. 11:18). Essa dádiva é muito preciosa, portanto, posto que uma obra genuína de arrependimento é necessária para a salvação. Assim declarou nosso Senhor: “Se, porém não vos arrependeres, todos igualmente perecereis” (Lc 13:3).
Quarto, o dom da FÉ mediante o Espírito Santo. “Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus” (Ef 2:8). Veja bem: posto que nenhum tipo de graça atua a não ser quando a graça da fé entra em operação, esse dom da fé que o Espírito Santo nos dá é muito precioso para a nossa alma.
Vemos, portanto que sem termos recebido essas quatro dádivas da parte do Espírito Santo enquanto ainda éramos descrentes, todos os demais dons seriam inúteis, por terem areia por alicerce.
No último versículo do texto em estudo (1 Co 13:1-3) lemos: “E ainda que eu distribua todos os meus bens entre os pobres, e ainda que entregue o meu próprio corpo para ser queimado, se não tiver CRISTO E O SEU AMOR, nada disso me aproveitará.” Percebemos aqui que podemos praticar todos os atos exteriores do cristão, mas se não tivermos CRISTO E O SEU AMOR habitando em nós, e não estivermos motivados pelo amor de Cristo, tudo isso de nada nos aproveitará. Que advertência temos nesses três versículos juntos!
Tenho rogado a Deus que me deixe entregar essa mensagem com amor e humildade, para advertir contra o perigo de não termos Cristo em nós como nossa esperança da glória. Meu coração se estende ao leitor com amor, por compreendo a sua condição. Houve um tempo quando eu também estava assim, e foi exclusivamente pela graça e misericórdia de Deus que essas dádivas do Espírito Santo me foram dadas quando eu ainda era descrente.
Queira o Espírito Santo implantar em cada coração que está longe de Cristo essas quatro dádivas preciosas do DESPERTAMENTO, da CONVICÇÃO, do ARRPENDIMENTO, da FÉ! Que Cristo venha a ser precioso para o coração e a vida de você naquela união viva, amorosa e perpétua!

Autor: L. R. Shelton, Jr.
Digitação: Sabryna Santos com Autorização
Revisão: Robson Alves de Lima
Fonte: www.PalavraPrudente.com.br

O que devo fazer para ser salvo? Aceitar a Jesus!?


Aceitar a Jesus!?

Nosso relacionamento com Cristo é uma questão de vida ou morte. O homem que conhece a Bíblia sabe que Jesus Cristo veio ao mundo para salvar os pecadores e que os homens são salvos apenas por Ele, sem qualquer influência por parte de quaisquer obras praticadas.

"O que devo fazer para ser salvo?", devemos aprender a resposta correta. Falhar neste ponto não envolve apenas arriscar nossas almas, mas garantir a saída eterna da face de Deus.
Os cristãos "evangelicais" fornecem três respostas a esta pergunta ansiosa: "Creia no Senhor Jesus Cristo", "Receba Cristo como seu Salvador pessoal" e "Aceite Cristo". Duas delas são extraídas quase literalmente das Escrituras (At 16:31; João 1:12), enquanto a terceira é uma espécie de paráfrase, resumindo as outras duas. Não se trata então de três, mas de uma só.
Por sermos espiritualmente preguiçosos, tendemos a gravitar na direção mais fácil a fim de esclarecer nossas questões religiosas, tanto para nós mesmos como para outros; assim sendo, a fórmula "Aceite Cristo" tornou-se uma panacéia de aplicação universal, e acredito que tem sido fatal para muitos. Embora um penitente ocasional responsável possa encontrar nela toda a instrução que precisa para ter um contato vivo com Cristo, temo que muitos façam uso dela como um atalho para a Terra Prometida, apenas para descobrir que ela os levou em vez disso a "uma terra de escuridão, tão negra quanto as próprias trevas; e da sombra da morte, sem qualquer ordem, e onde a luz é como a treva".
A dificuldade está em que a atitude "Aceite Cristo" está provavelmente errada. Ela mostra Cristo suplicando a nós, em lugar de nós a Ele. Ela faz com que Ele fique de pé, com o chapéu na mão, aguardando o nosso veredicto a respeito dEle, em vez de nos ajoelharmos com os corações contritos esperando que Ele nos julgue. Ela pode até permitir que aceitemos Cristo mediante um impulso mental ou emocional, sem qualquer dor, sem prejuízo de nosso ego e nenhuma inconveniência ao nosso estilo de vida normal.
Para esta maneira ineficaz de tratar de um assunto vital, podemos imaginar alguns paralelos; como se, por exemplo, Israel tivesse "aceito" no Egito o sangue da Páscoa, mas continuasse vivendo em cativeiro, ou o filho pródigo "aceitasse" o perdão do pai e continuasse entre os porcos no país distante. Não fica claro que se aceitar Cristo deve significar algo? É preciso que haja uma ação moral em harmonia com essa atitude!
Ao permitir que a expressão "Aceite Cristo" represente um esforço sincero para dizer em poucas palavras o que não poderia ser dito tão bem de outra forma, vejamos então o que queremos ou devemos indicar ao fazer uso dessa frase.
"Aceitar Cristo" é dar ensejo a uma ligeira ligação com a Pessoa de nosso Senhor Jesus, absolutamente única na experiência humana. Essa ligação é intelectual, volitiva e emocional. O crente acha-se intelectualmente convencido de que Jesus é tanto Senhor como Cristo; ele decidiu segui-lo a qualquer custo e seu coração logo está gozando da singular doçura de Sua companhia.
Esta ligação é total, no sentido de que aceita alegremente Cristo por tudo que Ele é.
Não existe qualquer divisão covarde de posições, reconhecendo-o como Salvador hoje, e aguardando até amanhã para decidir quanto à Sua soberania.
O verdadeiro crente confessa Cristo como o seu Tudo em todos sem reservas. Ele inclui tudo de si mesmo, sem que qualquer parte de seu ser fique insensível diante da transação revolucionária.
Além disso, sua ligação com Cristo é toda-exclusiva. O Senhor torna-se para ele a atração única e exclusiva para sempre, e não apenas um entre vários interesses rivais. Ele segue a órbita de Cristo como a Terra a do Sol, mantido em servidão pelo magnetismo do Seu afeto, extraindo dEle toda a sua vida, luz e calor. Nesta feliz condição são-lhe concedidos novos interesses, mas todos eles determinados pela sua relação com o Senhor.
O fato de aceitarmos Cristo desta maneira todo-inclusiva e todo-exclusiva é um imperativo divino. A fé salta para Deus neste ponto mediante a Pessoa e a obra de Cristo, mas jamais separa a obra da Pessoa. Ele crê no Senhor Jesus Cristo, o Cristo abrangente, sem modificação ou reserva, e recebe e goza assim tudo o que Ele fez na Sua obra de redenção, tudo o que está fazendo agora no céu a favor dos seus, e tudo o que opera neles e através deles.
Aceitar Cristo é conhecer o significado das palavras: "pois, segundo ele é, nós somos neste mundo" (1 João 4:17). Nós aceitamos os amigos dEle como nossos, Seus inimigos como inimigos nossos, Sua cruz como a nossa cruz, Sua vida como a nossa vida e Seu futuro como o nosso.
Se é isto que queremos dizer quando aconselhamos alguém a aceitar a Cristo, será melhor explicar isso a ele, pois é possível que se envolva em profundas dificuldades espirituais caso não explanarmos o assunto.

segunda-feira, 21 de março de 2011

Aprendendo da História dos Avivamentos

Aprendendo da História dos Avivamentos
por
Frans Leonard Schalkwijk
Estamos vivendo numa época em que muitos membros das nossas igrejas oram: "Aviva a tua obra, ó Senhor, no decorrer dos anos."(1) Talvez não se expressem exatamente com estas palavras, mas de fato almejam um avivamento autêntico. Outros se arrepiam imediatamente quando ouvem falar do assunto. Não é que não queiram que as igrejas sejam vivas e dispostas para a obra do Senhor; ao contrário. Mas avivamento? Já passamos por tanta confusão, tribulação e separação amarga. Não seria melhor evitar o assunto? Neste artigo estudaremos um pouco da história para ver se podemos descobrir algumas lições para os dias de hoje. Não é possível repetir a história, mas podemos aprender com ela.
As nossas igrejas no Brasil foram plantadas por missionários da Igreja Presbiteriana dos Estados Unidos. Nesse país também houve várias épocas de avivamento com bênçãos e problemas incontáveis. Vamos perguntar à nossa mãe espiritual: "Conte, mamãe, como é que foi?" Voltemos, então, para a época que entrou na história como o "Grande Despertamento" (Great Awakening, 1739-1745).

I. O Presbiterianismo na América do Norte

O Brasil foi descoberto em 1500. Foi na época em que Portugal e Espanha começaram a navegar pelos oceanos e fundar o seu império ibérico. Somente um século mais tarde nações protestantes começaram a zarpar pelos oceanos, depois que foi quebrada a espinha dorsal marítima da Espanha com a derrota da sua Armada (1588). A Inglaterra implantou colônias na América do Norte, sendo Virgínia a primeira (1607), com a Igreja Anglicana como a igreja oficial.(2) Os holandeses fundaram Nova Amsterdã (1614) com sua Igreja Reformada (mas os ingleses capturariam a colônia cinqüenta anos depois, rebatizando-a como Nova York). Os "Pais Peregrinos" foram para o nordeste do continente (1620) e estabeleceram fortes colônias congregacionais.
Por volta de 1700 havia muitas famílias presbiterianas espalhadas por todas as colônias, especialmente escocesas-irlandesas, e em 1701 um jovem pastor do nordeste da Irlanda, Francis Makemie, iniciou o seu trabalho itinerante de Nova York até as Carolinas.(3) Ele é considerado o "pai do presbiterianismo americano," tendo organizado igrejas e até consagrado ministros. Era um homem preparado para o trabalho de Deus: conversão clara, chamada consciente, visão ampla, santificação constante e disposição incansável. O Senhor abençoou o seu trabalho. Muitas igrejas foram organizadas e já cinco anos depois o presbitério reuniu-se pela primeira vez em Filadélfia. No ano seguinte, Makemie foi preso por ter pregado em Nova York. Ele defendeu o seu próprio caso, que ficou famoso na jurisprudência sobre a liberdade religiosa. Foi absolvido, mas adoeceu gravemente devido à permanência no calabouço e foi promovido à glória. Porém, o crescimento continuou e em 1717 organizou-se o primeiro sínodo. Foi adotada a ordem eclesiástica da Escócia, e também o seu selo e lema: Nec Tamen Consumebatur.(4)
Apesar do crescimento numérico das igrejas em geral, a situação religiosa nas colônias não era boa. Muitos colonos viviam longe das igrejas e, pior ainda, da Palavra de Deus. Nos lares crentes de fato havia leitura bíblica e o catecismo era decorado, mas por outro lado existiam muitos obstáculos à santificação, mormente a embriaguez... até entre pastores. É que os colonos eram pobres, e os preços dos produtos da lavoura muito baixos, a não ser que pudessem ser industrializados. Os escoceses sabiam fazer isto, só que não conseguiam vender o whisky a tempo. Nesse caso, o pastor podia ser pago em espécie e, chegando em casa depois de uma longa cavalgada numa tempestade de neve, era tentado a tomar uns tragos. E havia outros problemas. Portanto, não é de estranhar que algumas pessoas reconhecessem que a igreja precisava ser purificada para tornar-se realmente uma igreja puritana. E essa purificação devia começar com o corpo ministerial.(5)
Havia algumas escolas para preparação de pastores no nordeste americano, tais como Harvard e Yale, mas infelizmente nem sempre zelavam pela ortodoxia e pela ortopraxia. Além disso, as distâncias eram grandes e as despesas altas. Então, recorreu-se ao sistema conhecido na Irlanda do Norte, em que candidatos ao ministério eram treinados na casa de um ou outro pastor com o dom de mestre. Um desses foi o velho Rev. William Tennent, que preparou uns poucos jovens para o ministério sagrado, entre eles seus próprios filhos, no seu humilde "colégio de toras" (Log College).(6) O casal Tennent era um exemplo de piedade e o próprio George Whitefield, depois de visitá-los, comparou-os a Zacarias e Isabel. A sua oração diária era pela "purificação dos filhos de Levi."(7) A conversão era absolutamente necessária (inclusive para os presbiterianos) e essa conversão devia ser visível.

II. O Grande Despertamento, 1739-1745

Essa ênfase na pregação tinha sido (re)iniciada naquela região por "Dominie"(8) Theodore J. Frelinghuysen, o pastor de uma das Igrejas Reformadas holandesas, que eram muitas por causa da antiga colonização holandesa e que continuaram a crescer mesmo depois da conquista de Nova Amsterdã pelos ingleses.(9) Nesse sentido, o Rev. Theodore era herdeiro de uma ênfase do puritanismo holandês, que por sua vez tinha recebido muita influência do puritanismo inglês(10) não somente uma doutrina e fé bíblicas, mas também uma ética e comportamento bíblicos. Quando, pois, o jovem ministro Gilbert Tennent começou a pregar como o seu colega reformado (1733), isso não foi algo estranho ao puritanismo presbiteriano americano.(11) Ao mesmo tempo, o Senhor estava operando nas Igrejas Congregacionais do nordeste americano (1734) e algum tempo depois o Rev. Jonathan Edwards pregou o seu célebre sermão "Pecadores nas mãos de um Deus irado" (1741).(12) Na Inglaterra, a pregação de George Whitefield e de John Wesley levou muitas pessoas ao Senhor, e quando Whitefield fez uma campanha evangelística nas colônias (1739-1741), em dois anos mais de trinta mil pessoas foram ganhas, ou seja, 10% da população americana da época.(13)

Apesar desses resultados positivos, houve problemas humanos, como sempre ocorre quando o Senhor dá a sua bênção. Vários pastores não souberam controlar a sua língua. A gritaria de um certo James Davenport passou tanto dos limites, que até os seus correligionários o consideraram mentalmente fraco. O próprio Gilbert Tennent abusou da palavra. Em 1740 ele pregou uma mensagem com um título apropriado sobre os perigos de um ministério não convertido, mas com um vocabulário por vezes muito veemente, referindo-se aos colegas como "cães mortos" e outros termos negativos. Não era incomum o uso de linguagem violenta, mas o impacto do sermão de Gilbert foi mais amplo pelo fato de ter sido impresso.(14) Também puderam ser observados vários desvios teológicos, tais como: a Lei não se aplicaria aos crentes; se alguém não sabia quando estivera sem Cristo, não poderia ser considerado convertido; se alguém não sentia o sopro do Espírito Santo como um vento verdadeiro, seria um crente carnal. Algumas irregularidades contra a ordem presbiteriana também azedaram as relações eclesiásticas, já tensas por causa da frieza, zombaria e forte oposição dos tradicionalistas e de um certo radicalismo e farisaismo dos avivados, afetando ambos os grupos como um vírus maligno.

III. O Cisma Presbiteriano, 1741-1758

Infelizmente as tensões aumentaram tanto durante a época do Grande Despertamento, que ocorreram divisões no corpo de Cristo.(15) O cisma na Igreja Presbiteriana começou em 1741. No início do sínodo daquele ano um grupo de doze ministros apresentou um documento chamado "Protestação," que simplesmente declarava que os avivados não tinham lugar "neste concílio de Cristo." Sete dos "protestadores" pertenciam ao Presbitério de Donegal, que havia se tornado uma foco de oposição, e quatro deles deviam ser afastados do ministério por causa de problemas graves. Dizendo-se leais a Cristo, praticaram uma lealdade dúplice por causa do seu corporativismo.(16) Alegando apoio na Constituição Presbiteriana, pisaram o direito eclesiástico. O grupo de tradicionalistas ficou conhecido como a "Ala Velha" do Sínodo de Filadélfia, e os avivados como a "Ala Nova" do Sínodo de Nova York.(17)

A Ala Nova é mais conhecida por causa do seu trabalho evangelístico. Em primeiro lugar, pelo esforço missionário transcultural de homens como o Rev. David Brainerd, que nos deixou o seu conhecido diário.(18) Brainerd havia sido expulso do curso teológico de Yale por afirmar que um certo professor não tinha mais da graça de Deus do que uma cadeira. Depois da sua ordenação, David trabalhou incansavelmente durante quatro anos entre os indígenas, até sucumbir à tuberculose na casa do seu futuro sogro, o Rev. Jonathan Edwards. Poucos meses depois, a sua noiva Jerusha também faleceu vitimada pela mesma enfermidade (1748).
Menos conhecido, mas não menos importante, foi o trabalho de "missões nacionais" da Ala Nova. Samuel Davies, também formado num "colégio (teológico) de toras," implantou o trabalho presbiteriano na região de Richmond, na Virgínia (1747-1759), que resultou no primeiro presbitério do sul, o de Hanover (1755). Não somente pregou aos colonos europeus, mas também aos escravos africanos, que gostavam de cantar salmos em sua cozinha. No seu diário ele anotou que de vez em quando acordava com uma torrente de melodias celestiais. Davies teve o privilégio de batizar uns 150 deles. Nessa época, Jonathan Edwards, que era presidente do colégio teológico de Princeton, veio a falecer por causa da varíola. Davies foi chamado para substituí-lo, mas também faleceu depois de dois curtos anos. Colocaram no túmulo desse servo, que pregava como o embaixador de um rei poderoso, uma frase de um dos seus 600 hinos: "Inspira a minha alma, ó graça real, e toca meus lábios com fogo celestial."(19)
Um problema muito interessante era a tensão entre educação e missão. O fato era que as igrejas, congregações e pontos de pregação se multiplicavam, mas havia falta de pastores para atender aqueles vastos campos. Não é que os presbiterianos não tivessem visão, mas havia falta de obreiros por causa das rigorosas exigências na educação teológica, o que diminuia o número dos que podiam estudar. Mas os que conseguiam fazer o curso teológico saíam como homens bem preparados. Quando chegavam aos seus campos de trabalho, freqüentemente na então fronteira colonial, eram bem-vindos como pastores e também como professores, porque eram as pessoas mais educadas da comunidade. Os colonos pediam que o pastor ensinasse seus filhos.(20) Mas o bom era o inimigo do melhor, porque uma vez envolvidos no ensino diário, mal sobrava tempo para visitarem as congregações espalhadas, que às vezes perdiam o contato com a igreja presbiteriana e filiavam-se a outras denominações.(21)

IV. A Reunião, 1758

Depois de dezessete anos, as duas alas conseguiram restabelecer a paz. Uma das alavancas foi o sofrimento comum causado pela guerra contra os franceses. O restabelecimento da união também foi possível porque ambos os lados haviam permanecido presbiterianos na doutrina e os renovados não tinham rejeitado o batismo dos filhos da aliança.

Porém, o mais importante é que o clima havia se tornado mais ameno, basicamente por existir mais humildade nos dois lados. Os tradicionalistas ainda tinham certas restrições, mas reconheceram que de fato houve muitas conversões sinceras e permanentes. Também admitiram ser necessário que os pastores (e conseqüentemente os candidatos ao ministério sagrado), tivessem uma experiência religiosa, e não somente uma fé formal.(22) Os avivados, por outro lado, sentiam ainda um profundo desejo de pregar em todo e qualquer lugar, mas reconheceram que erraram algumas vezes ao invadirem campos pastorais de colegas tradicionalistas sem serem convidados, não respeitando assim as normas constitucionais. Também reconheceram que as suas línguas não haviam sido batizadas pelo Espírito Santo quando usavam certas expressões pejorativas ao referirem-se aos seus colegas. Insistiram que o avivamento era uma obra santa do Senhor, mas admitiram que houve falta de discernimento espiritual, pois os convertidos que apresentavam reações físicas (como arrepios, gritos, desmaios, etc.), mas sem os frutos do Espírito Santo, estavam seriamente iludidos. E a Lei do Senhor era sem dúvida uma norma de gratidão para a vida do crente convertido. As duas correntes uniram-se novamente, sendo o próprio Gilbert Tennent o maior defensor dessa reunião.(23)
Porém, a paz entre os dois grupos deve ter sido um pouco difícil, especialmente para os da Ala Velha, por causa da maioria numérica da Ala Nova. No começo do cisma os avivados eram uma minoria, mas cresceram muito durante os anos da separação.(24) Um pouco de estatística pastoral demonstra isto claramente: em 1741 a Ala Velha tinha 27 pastores e a Ala Nova 22; em 1758 a Ala Velha tinha 23 pastores e a Ala Nova 73.
De fato, foi como o historiador Trinterud afirmou: "Two sides, two tides" (duas alas, duas marés).(25) Mas qual teria sido a causa dessa diferença tão patente? Muito se tem discutido. A Ala Velha insistiu que os avivados tinham sido beneficiados pela imigração e fundos do Velho Mundo, mas assim também o foram os tradicionalistas. Talvez tenhamos de lembrar a distinção entre causas diurnas, patentes a todos, e causas noturnas, ocultas à maioria.(26) Embora a Ala Velha também tenha feito algo pelas missões nacionais, a "causa diurna" do crescimento maior da Ala Nova deve ter sido o trabalho evangelístico mais intenso e mais descentralizado dos irmãos avivados, as missões sendo sempre um índice preciso do avivamento autêntico.
E existiria ainda alguma "causa noturna"? Cremos que sim. O fato é que o avivamento real procura maior santificação em todos os setores da vida, começando pelo individual. Faltando essa característica essencial, o avivamento não passa de emoção litúrgica. Sem dúvida, no início a Ala Velha não reconheceu essa necessidade premente de santificação, focalizando suas críticas em aspectos mais circunstanciais. Dos doze "protestadores" que iniciaram o cisma expulsando os avivados, quatro tinham problemas morais e, no fim desse período, mais quatro, ou seja, ao todo dois terços do mesmo grupo! Em virtude do "corporativismo," os seus presbitérios faltaram com a disciplina fraternal. Sim, infelizmente a "causa noturna" mais provável por que o braço tradicionalista da Igreja Presbiteriana americana murchou até mesmo durante o "Grande Despertamento" foi a falta de santificação, santificação esta que é o alvo do Espírito Santo em cada efusão especial do poder do alto, para que a igreja seja testemunha no tempo e no lugar onde Deus a colocou na história.

V. Dia da Renovação da Aliança

Devemos ainda acrescentar um parágrafo sobre as lições espirituais que emanam desse período, à luz das Escrituras? Calvino certa vez disse o seguinte sobre aqueles que querem tirar uma série de aplicações de um texto bíblico: "A Escritura é frutífera em si mesma." Parece que as lições históricas neste caso são óbvias. E cada um de nós deve aplicá-las à vida, dependendo da nossa posição no processo histórico atual. Oremos para que aprendamos a andar em humildade, a fim de não perdermos o verdadeiro avivamento, não promovendo um avivamento pelo esforço próprio, nem rejeitando as bênçãos incontáveis da obra do Senhor.

"Avivamento" é uma palavra muito bíblica, significando reviver. Não deveríamos perdê-la por causa de abusos. O conceito de avivamento também é muito bíblico: retornar ao Senhor, humilhar-se e começar a ter uma vida purificada, produzindo mais frutos do Espírito Santo.(27) Não devíamos perder o conteúdo por causa de uma palavra. Se não quisermos usar a palavra "avivamento," para nós da tradição reformada uma expressão como "Renovação da Aliança" ajudaria muito a entender o que o Senhor quer de nós. Aquela súplica — "Aviva a tua obra, ó Senhor, no decorrer dos anos" — é uma oração ensinada pelo próprio Espírito Santo. E o Senhor nos convoca a renovarmos a aliança que ele estabeleceu conosco, renová-la em todos os seus aspectos. Um dia especial para enfatizar essa renovação da aliança pode ser para nós presbiterianos o dia do aniversário da nossa igreja, 12 de agosto. Ou talvez o dia de Pentecoste, o dia do aniversário da igreja universal. Mas, qualquer dia que seja, seria um dia de oração e jejum para que o Senhor não nos lance fora, ao contrário, nos use, não para o nosso próprio triunfalismo oco, e sim para a sua glória, para a salvação de muitos perdidos, e para a santificação e edificação da igreja, a fim de que ela seja sal da terra e luz neste mundo tenebroso, como é o desejo profundo de todo verdadeiro presbiteriano.